domingo, maio 21, 2006

 

Descartáveis, uni-vos contra os "boys"!

Foi publicado um relatório sobre a “Caracterização das Funções do Estado”. Conclui-se que 65,8% do trabalho da administração pública destina-se a ela própria e 20,6% reverte para os cidadãos. Fica, em quem lê estes números, a sensação de que os funcionários públicos constituem uma legião de parasitas.

Mas não são os funcionários de carreira na função pública que se sentam à mesa do orçamentos, sem se precupar em lavar os pratos, vivendo dos impostos cobrados aos outros, os cidadãos. Esses têm um nome: chamam-se "boys"!

Esquece-se que os funcionários públicos também são cidadãos contribuintes (e sem fugas!) e utentes dos serviços que o Estado presta.
A campanha contra o funcionário público tornou-se indecorosa. Não visa os “boys” que empanturram as autarquias e os ministérios acumulando as suas ignorâncias com contratos escandalosos. Apenas atinge os profissionais competentes que fazem carreira ao serviço do Estado.

Este modelo reformista nada tem de imaginativo: resume-se ao Estado “descartar-se” de todos aqueles que não servem directamente o partido que está no poder e de tudo aquilo que não dá lucro. Deslocam-se funcionários, aumenta-se a idade da reforma, eliminam-se serviços e privatiza-se o Ensino, a Saúde, etc.

A classe média, que se desenvolveu com a expansão dos serviços públicos, sofre, com este modelo reformista, um profundo revés. Os excluídos já não são só os ciganos ou os negros, mas os próprios trabalhadores do Estado que não se encostaram ao oportunismo e não são rentáveis.

O Estado deixou de ter um papel social e a demência que considera todos os que não têm cartão do partido no poder como “vidas sem valor” é autofágica: acabará por tornar o Estado desnecessário, a política inútil e a democracia negativa.

Perante esta tendência, só há uma solução: unir os descartáveis em torno de quem defenda o papel social do Estado, contra os "boys" que vivem do oportunismo e ficam muito caros ao orçamento do Estado.

Será que isso vai acontecer ou o espectáculo das ilusões falará mais alto?!..

Comments:
Meu Caro Primo,

eu não diria melhor, e Vexa sabe bem o quanto tenho defendido o papel que o Estado deve desempenhar na nossa sociedade.

Estamos, pois, contra a mão invisível de Adam Smith!
 
Um grande abraço para si. Gostei de o conhecer e de conhecer a sua esposa. Parece-me que a sua esposa é mais franciscana do que o meu amigo.
Até sempre!
jbmag.
 
Pois, meu amigo; ela é muito mais perfeita do que eu: é uma santa...
 
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