quarta-feira, janeiro 31, 2018
O poder desenvolve-se em rede.

Nessas lições que já li enumeras vezes, sempre aprendendo
coisas novas, diz Foucault: “Não se deve olhar para o poder apenas como
dominação de um indivíduo sobre outros, de um grupo sobre outros, de uma classe
sobre outras. O poder deve ser analisado como qualquer coisa que circula, ou
melhor, como qualquer coisa que só funciona em cadeia, em rede. (…) É preciso
compreender o poder pelo lado da dominação e não da soberania política ou
jurídica, pelas táticas de dominação em rede e clientelares”.
Talvez este caso do Juiz Rangel e outros e do Presidente Vieira
se possa compreender melhor, lendo as lições de Foucault e pensando como as
redes de dominação e clientelares se apoiam na notabilidade que os “media” vão
criando, sem nenhuma justificação ética. Neles está o grande vampiro que se
alimenta dos próprios monstros que cria!
sábado, janeiro 20, 2018
Façam as reformas, porra!....
Escreveu
Klaus Mann: “A barbárie nunca esteve muito longe de nós”. Penso que a
consciência desta circunstância traz-nos uma grande responsabilidade. Se é
verdade que a natureza humana não é tão boa como pensava Rousseau nem tão má
como julgava Hobbes, então o melhor é criar condições para que ela não possa
dar largas à maldade que há dentro de si e seja capaz de ser estimulada pelo
melhor que nela se encontra.
Bem tudo
isto a propósito do que diz, hoje, no caderno do Expresso Jorge Sampaio.
Segundo ele “os partidos são pouco activos, somos pouco empenhados, a
democracia representativa enfrenta sérios riscos: de credibilidade, em relação
à opinião pública, em relação aos cidadãos, ao afastamento dos cidadãos da
política, não podemos ignorar isto. (…) Os partidos políticos estão completamente
ultrapassados (…) os membros dos partidos pouco passam de 200mil” etc.
O que diz
Jorge Sampaio ouve-se todos os dias e todos nós o constatamos! Os partidos tornaram-se
grupos de interesses e muitos de nós afastam-se deles como das ruas de má-fama!
Já não fazem as mediações necessárias à construção de uma sociedade mais justa
e fraterna.
Como é
possível que Jorge Sampaio com a sua autoridade política e moral não chame o
seu partido à atenção para a ruptura que se está a fazer às mediações que os
directórios políticos devem operar entre as bases sociais de apoio ao partido e
o governo, escolhendo mais de oito governantes para a lista que vai a votos na
distrital do Porto?!... Isso acontece na Coreia do Norte, mas não é esse o modelo
de democracia representativa que temos! Como é possível que quem já deu
notórias provas de ausência de credibilidade seja repetidamente escolhido para
ocupar um cargo numa Concelhia?
Não
estaremos perto da barbárie, quando, pouco a pouco, vai sendo destruído o
melhor que as gerações anteriores deixaram aos partidos? Que travão se coloca a
este desmando?
Não há nada
mais frustrante para um cidadão (e deveria ser para um militante de um partido)
do que ter de concordar com o aforismo: “falam… falam…falam…, mas não fazem
nada!...”
A barbárie é
a consequência primeira da ausência de valores, mérito, sentido de Estado e
honradez, mas o que fazemos para além de meras considerações retóricas sobre
esta situação?
Em vez da
retórica, aproveitem a autoridade política e moral que têm para promover nos
vossos partidos as reformas necessárias à credibilização dos partidos, da políticos
e da acção política, porra!...