terça-feira, abril 03, 2007
Estou vivo e escrevo sol (1966)
Estou vivo e escrevo sol
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida
António Ramos Rosa
António Ramos Rosa, de 82 anos, um dos nomes maiores da poesia portuguesa contemporânea, é natural de Faro e autor de obras como “O Incêndio dos Aspectos”, “Volante Verde”, “O Ciclo do Cavalo”, “Acordes” (1989, Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores) e As Armas Imprecisas (1992). Recebeu, hoje, pela segunda vez o Grande Prémio de Poesia APE/CTT pelo livro «Génese».
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida
António Ramos Rosa
António Ramos Rosa, de 82 anos, um dos nomes maiores da poesia portuguesa contemporânea, é natural de Faro e autor de obras como “O Incêndio dos Aspectos”, “Volante Verde”, “O Ciclo do Cavalo”, “Acordes” (1989, Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores) e As Armas Imprecisas (1992). Recebeu, hoje, pela segunda vez o Grande Prémio de Poesia APE/CTT pelo livro «Génese».
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Primeira: claro que não. Muitos do pareceres e estudos encomendados levam, atrás, livro de instruções de preenchimento com os objectivos definidos. Um pouco à semelhança do que acontece com alguns recrutamentos, aqueles que por imperativo legal não podem ser por nomeação, para a função pública: primeiro selecciona-se o candidato e depois definem-se os critérios e "talha-se" o concurso à medida.
O que começou por parecer um assomo de coragem governativa veio, afinal, a revelar-se no incremento duma politica de maior afunilamento do fosso entre ricos e pobres. Li, na TSF online, que a produtividade portuguesa foi a que menos cresceu entre os 30 países que constituem a OCDE e que a carga fiscal, nos últimos 10 anos, aumentou 5,7%. Mas soube, há dias e em contrapartida, que há administradores de empresas e organismos públicos que auferem salários astronómicos, que as vendas dos veículos de elevada cilindrada e topo de gama continuam a aumentar, que se persiste em OTAS e TGVS, etc, etc.
Quanto à segunda, não lhe parece que já é isso que que está a acontecer, mesmo sem estudo?
Não com base em pareceres encomendados, mas coagidos pela necessidade de sobrevivência que não conseguem encontrar no interior. Virá o tempo em que o governo acordará para o problema e implementará medidas de ajuda à fixação.
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Primeira: claro que não. Muitos do pareceres e estudos encomendados levam, atrás, livro de instruções de preenchimento com os objectivos definidos. Um pouco à semelhança do que acontece com alguns recrutamentos, aqueles que por imperativo legal não podem ser por nomeação, para a função pública: primeiro selecciona-se o candidato e depois definem-se os critérios e "talha-se" o concurso à medida.
O que começou por parecer um assomo de coragem governativa veio, afinal, a revelar-se no incremento duma politica de maior afunilamento do fosso entre ricos e pobres. Li, na TSF online, que a produtividade portuguesa foi a que menos cresceu entre os 30 países que constituem a OCDE e que a carga fiscal, nos últimos 10 anos, aumentou 5,7%. Mas soube, há dias e em contrapartida, que há administradores de empresas e organismos públicos que auferem salários astronómicos, que as vendas dos veículos de elevada cilindrada e topo de gama continuam a aumentar, que se persiste em OTAS e TGVS, etc, etc.
Quanto à segunda, não lhe parece que já é isso que que está a acontecer, mesmo sem estudo?
Não com base em pareceres encomendados, mas coagidos pela necessidade de sobrevivência que não conseguem encontrar no interior. Virá o tempo em que o governo acordará para o problema e implementará medidas de ajuda à fixação.
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